Este espaço foi criado para trocar ideias e atividades da área de Lingua e Literatura, compartilhando com os colegas experiências vividas ao longo da minha profissão.

Língua

Gosto de sentir a minha lígua roçar
A língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar
A criar confusões de prosódias
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesias está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade (...)
(Caetano Veloso)

sábado, 20 de fevereiro de 2010

texto: Em dezembro

Colégio Estadual Gov. Luiz Viana filho

  1. Leia o fragmento de um conto.

Em dezembro

Em dezembro mangas maduras eram vistas da janela – mas antes disso já tínhamos comido muita manga com sal, tirado escondido da cozinha. [...]

- Quem comeu manga verde? Vamos, confessa, já.

Nenhum confessava: os dois de castigo.

Mostrei para Neusa a manga amoitada no capim: começava a amarelar. Ela cheirou, apertou contra o rosto, me pediu.

- Dou um pedaço.

- Quero a manga inteira.

- A manga inteira não. Um pedaço. [...]

- A manga inteira ou nada.

- Então nada.

Quando entrei na cozinha, Vovó estava me esperando:

- Pode ir direto para o quarto, já sei de tudo.

Fiquei fechado de castigo até a hora da janta.

Se tornar a comer manga verde, da próxima vez vai apanhar é de vara, ouviu?

Quem apanhou de vara foi a Neusa. Cerquei-a no fundo do quintal com uma vara:

- Você enredou, agora vai apanhar.[...]

Ela pediu pelo amor de Deus. Perguntei se ela gostava de mim, ela disse que gostava. Pedi para ela dizer: “ Eu te amo”. Ela disse. [...]eu falei que era mentira, que ela gostava é de Marcelo. Então ela disse que era mentira mesmo, que tinha é nojo de mim, e eu desci uma varada nas pernas dela. Em vez de correr, ela ficou parada, encolhida contra o muro[...]

- Pede perdão, senão eu bato de novo!

Ameacei com a vara, mas ela só chorava. Então bati de nov, e dessa vez ela nbem se mexeu, como se não tivesse sentindo dor. Foi andando em direção à casa, e eu fiquei parado, vendo-a afastar-se.[...]

Ao voltar para casa, deixei três moranguinhos na mesa do quarto onde ela, deitada, havia adormecido.

No dia seguinte recebi uma caixinha embrulhada - dentro os três moranguinhos e um bilhete: “Eu gostava é de você mesmo, mas agora nunca mais”.

Luiz Vilela. Contos da infância e da adolescência. São Paulo: Ática, 2001.

  1. Quem comeu manga verde?

  1. Por que a Vovó não queria quer eles comessem manga verde com sal?

  1. O texto é narrado em 1ª pessoa. Que marcas gramaticais permitem dizer isto?
  2. Quais frases ou expressões revelam impressões do narrador?

  1. Em que momento o narrador descobre os verdadeiros sentimentos de Neusa em relação a ele?

  1. Em sua opinião, por que ele não acreditou quando ela disse, no quintal, que gostava dele?

  1. Que tempo verbal o narrador utiliza na maior parte de suas falas?

  1. Por que o narrador bateu em Neusa?

  1. Imagine que o narrador tivesse falado com Neusa depois de ter recebido o bilhete. Escreva um parágrafo contando, em 1ª pessoa, como se você fosse o narrador, o que ele teria dito a ela.

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  1. Agora você vai escrever um conto em 1ª pessoa.

Obs: O narrador pode ser protagonista ou apenas testemunha da história.