Este espaço foi criado para trocar ideias e atividades da área de Lingua e Literatura, compartilhando com os colegas experiências vividas ao longo da minha profissão.

Língua

Gosto de sentir a minha lígua roçar
A língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar
A criar confusões de prosódias
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesias está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade (...)
(Caetano Veloso)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Fragmento: Os sertões - Euclides da Cunha

Colégio Estadual Gov. Luiz Viana Filho

Texto I

Então, a travessia das veredas sertanejas é mais exaustiva que a de uma estepe nua.

Nesta, ao menos, o viajante tem o desafogo de um horizonte largo e a perspectiva das planuras francas.

Ao passo que a caatinga o afoga; abrevia-lhe o olhar; agride-o e estonteia-o; enlaça-o na trama espinescente e não o atrai; repulsa-o com as folhas urticantes, com o espinho, com os gravetos estalados em lanças; e desdobra-se-lhe na frente léguas e léguas, imutável no aspecto desolado: árvores sem folhas, de galhos estorcidos e secos, revoltos, entrecruzados, apontando rijamente no espaço ou estirando-se flexuosos pelo solo, lembrando um bracejar imenso, de tortura, da flora agonizante . . .

Texto II

O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral.A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas.

[...]

Este contraste impõe-se ao mais leve exame. Revela-se a todo o momento, em todos os pormenores da vida sertaneja -- caracterizado sempre pela intercadência impressionadora entre extremos impulsos e apatias longas.

Texto III

Decididamente era indispensável que a campanha de canudos tivesse objetivo superior à função estúpida e bem pouco gloriosa de destruir um povoado dos sertões. Havia um inimigo mais sério a combater, em guerra mais demorada e digna. Toda aquela campanha seria um crime inútil e bárbaro, se não se aproveitassem os caminhos abertos à artilharia para uma propaganda tenaz, continua e persistente, visando trazer para o nosso tempo e incorporar à nossa existência aqueles rudes compatriotas retardatários. [...]

Canudos não se rendeu.

Fechemos este livro.

Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente 5 mil soldados.

( Fragmentos da obra Os Sertões de Euclides da Cunha, São paulo: Círculo do Livro, 1975)

Na Internet:

http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/sertoes.html

  1. De acordo o texto I, como é a natureza no lugar onde vive o sertanejo? Ela se mostra acolhedora ao homem?
  2. O texto II, ao descrever o sertanejo, apresenta como contraditória certos aspectos de sua constituição física e seu comportamento. Comente essa contradição.
  3. No 1º parágrafo do texto III, o autor crítica a guerra em si e afirma que outra “guerra mais demorada e digna” deveria ser travada. Qual é essa guerra?
  4. Identifique no texto II um trecho que comprove a influência de teorias raciais existente no começo do século XX.
  5. Os textos I, II e III são terchos, respectivamente, das três partes que constituem a obra Os Sertões: “ A terra”, “O homem” e “A luta”.por que se pode afirmar que a própria estrutura da obra revela uma concepção naturalista?

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

|Texto: A velha contrabandista

Colégio Estadual Gov. Luiz Viana Filho

Leia:
A Velha Contrabandista

Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava pela fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da Alfândega - tudo malandro velho - começou a desconfiar da velhinha.
Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da Alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela:
Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?
A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais outros, que ela adquirira no odontólogo, e respondeu:
- É areia!
Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.
Mas o fiscal desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com muamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.
Diz que foi aí que o fiscal se chateou:
- Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.
- Mas no saco só tem areia! - insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:
- Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?
- O senhor promete que não "espáia"? - quis saber a velhinha.
- Juro - respondeu o fiscal.
- É lambreta.
( Stanislaw Ponte Preta. Dois amigos e um chato. 8ed. São Paulo, Moderna, 1986)

1. Aponte expressões do texto que caracterizam a linguagem coloquial.
2. A construção: “ o fiscal da Alfândega mandou ela parar” é típica da linguagem coloquial. Reescreva-a utilizando o padrão culto de linguagem.
3. Quando a velhinha disse: é areia, o fiscal acreditou? Justifique sua resposta com elementos do texto.
4. Você concorda com a esperteza da velhinha? Justifique sua resposta.
5. O que o autor quis dizer com a expressão: Tudo malandro velho?
6. Quando a velhinha decidiu contar a verdade?
7. Quando o narrador citou os dentes que “ela adquirira no odontólogo”, a que tipo de dentes ele se referia?

sábado, 20 de fevereiro de 2010

texto: Em dezembro

Colégio Estadual Gov. Luiz Viana filho

  1. Leia o fragmento de um conto.

Em dezembro

Em dezembro mangas maduras eram vistas da janela – mas antes disso já tínhamos comido muita manga com sal, tirado escondido da cozinha. [...]

- Quem comeu manga verde? Vamos, confessa, já.

Nenhum confessava: os dois de castigo.

Mostrei para Neusa a manga amoitada no capim: começava a amarelar. Ela cheirou, apertou contra o rosto, me pediu.

- Dou um pedaço.

- Quero a manga inteira.

- A manga inteira não. Um pedaço. [...]

- A manga inteira ou nada.

- Então nada.

Quando entrei na cozinha, Vovó estava me esperando:

- Pode ir direto para o quarto, já sei de tudo.

Fiquei fechado de castigo até a hora da janta.

Se tornar a comer manga verde, da próxima vez vai apanhar é de vara, ouviu?

Quem apanhou de vara foi a Neusa. Cerquei-a no fundo do quintal com uma vara:

- Você enredou, agora vai apanhar.[...]

Ela pediu pelo amor de Deus. Perguntei se ela gostava de mim, ela disse que gostava. Pedi para ela dizer: “ Eu te amo”. Ela disse. [...]eu falei que era mentira, que ela gostava é de Marcelo. Então ela disse que era mentira mesmo, que tinha é nojo de mim, e eu desci uma varada nas pernas dela. Em vez de correr, ela ficou parada, encolhida contra o muro[...]

- Pede perdão, senão eu bato de novo!

Ameacei com a vara, mas ela só chorava. Então bati de nov, e dessa vez ela nbem se mexeu, como se não tivesse sentindo dor. Foi andando em direção à casa, e eu fiquei parado, vendo-a afastar-se.[...]

Ao voltar para casa, deixei três moranguinhos na mesa do quarto onde ela, deitada, havia adormecido.

No dia seguinte recebi uma caixinha embrulhada - dentro os três moranguinhos e um bilhete: “Eu gostava é de você mesmo, mas agora nunca mais”.

Luiz Vilela. Contos da infância e da adolescência. São Paulo: Ática, 2001.

  1. Quem comeu manga verde?

  1. Por que a Vovó não queria quer eles comessem manga verde com sal?

  1. O texto é narrado em 1ª pessoa. Que marcas gramaticais permitem dizer isto?
  2. Quais frases ou expressões revelam impressões do narrador?

  1. Em que momento o narrador descobre os verdadeiros sentimentos de Neusa em relação a ele?

  1. Em sua opinião, por que ele não acreditou quando ela disse, no quintal, que gostava dele?

  1. Que tempo verbal o narrador utiliza na maior parte de suas falas?

  1. Por que o narrador bateu em Neusa?

  1. Imagine que o narrador tivesse falado com Neusa depois de ter recebido o bilhete. Escreva um parágrafo contando, em 1ª pessoa, como se você fosse o narrador, o que ele teria dito a ela.

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  1. Agora você vai escrever um conto em 1ª pessoa.

Obs: O narrador pode ser protagonista ou apenas testemunha da história.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Texto A descoberta do mundo

A descoberta do mundo

O que eu quero contar é tão delicado é tão delicado quanto a própria vida. E eu queria poder usar delicadeza que também tenho em mim, ao lado da grossura de camponesa que é o que me salva.
Quando criança, e depois adolescente, fui precoce em muitas coisas. Em sentir um ambiente, por exemplo, em aprender a atmosfera íntima de uma pessoa. Por outro lado, longe de precoce , estava em incrível atraso em relação a outras coisas importantes. Continuo aliás atrasada em muitos terrenos. Nada posso fazer: parece que há em mim um lado infantil que não cresce jamais.
Até mais que treze anos, por exemplo, eu estava em atraso quanto ao que os americanos chamam de fatos da vida. Essa expressão se refere à relação profunda de amor entre um homem e uma mulher, da qual nascem os filhos. Ou será que eu adivinhava mas turvava minha possibilidade de lucidez para poder, sem me escandalizar comigo mesmo, continuar em inocência a me enfeitar para os meninos? Enfeitar-me aos onze anos de idade consistia em lavar o rosto tantas vezes até que a pele esticada brilhasse. Eu me sentia pronta, então. Seria minha ignorância um modo sonso e inconsciente de me manter ingênua para poder continuar, sem culpa, a pensar nos meninos? Acredito que sim. Porque eu sempre soube coisas que nem eu mesma sei que sei.
As minhas colegas de ginásio sabiam de tudo e inclusive contavam anedotas a respeito. Eu não entendia mas fingia compreender para que elas não me desprezassem e à minha ignorância.
Enquanto isso, sem saber da realidade, continuava por puro instinto a flertar com os meninos que me agradavam, a pensar neles. Meu instinto precedera a minha inteligência.
Até que um dia, já passados os treze anos, como se só então eu me sentisse madura para receber alguma realidade que me chocasse, contei a uma amiga íntima o meu segredo: que eu era ignorante e fingira de sabida. Ela mal acreditou, tão bem eu havia fingido. Mas terminou sentindo minha sinceridade e ela própria encarregou-se ali mesmo na esquina de me esclarecer o mistério da vida. Só que também ela era um amenina e não soube falar de um modo que não ferisse a minha sensibilidade de então. Fiquei paralisada olhando para ela, misturando perplexidade, terror, indignação, inocência mortalmente ferida. Mentalmente eu gaguejava: mas por quê? Mas por quê? O choque foi tão grande – e por uns meses traumatizante – que ali mesmo na esquina jurei alto que nunca iria me casar.
Embora meses depois esquecesse o juramento e continuasse com meus pequenos namoros.
Depois, com o decorrer de mais tempo, em vez de me sentir escandalizada pelo modo como uma mulher e um homem se unem, passei a achar esse modo de uma grande perfeição. E também de grande delicadeza. Já então eu me transformara numa mocinha alta, pensativa, rebelde, tudo misturado a bastante selvageria e muita timidez.
Antes de me reconciliar com o processo da vida, no entanto, sofri muito, o que poderia ter sido evitado se um adulto responsável se tivesse encarregado de me contar como era o amo. Esse adulto saberia como lidar com uma alma infantil sem martirizá-la com a surpresa, sem obrigá-la a ter toda sozinha que se refazer para de novo aceitar a vida e os seus mistérios.
Porque o mais surpreendente é que, mesmo depois de saber de tudo, o mistério continua intacto. Embora eu saiba que de uma planta brotar um flor, continuo surpreendida com os caminhos secretos da natureza. E se continuo até hoje com pudor não é porque ache vergonhoso, é pudor apenas feminino.
Pois juro que a vida é bonita.
( Clarice Lispector. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro, Rocco. p. 113-115)
I- Compreensão e Interpretação de Texto

1.Como a narradora faz sua própria descrição? ____________________________________________________________________________________________________________________________
2.Por que o título do texto é “A descoberta do mundo”? Explique?
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3. De acordo com o contexto em que está inserido, a que a narradora-personagem se refere quando menciona “os fatos da vida”?
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4. Leia as frases abaixo retiradas do texto “A descoberta do mundo”, observando as palavras em destaque, depois assinale a alternativa que contenha, respectivamente, os sinônimos.

I – Fui precoce em muitas coisas.
II – Meu instinto precedera a minha inteligência.
III – O mais surpreendente é que, mesmo depois de saber tudo, o mistério continuou intacto.
IV – Seria minha Ignorância em modo sonso de me manter ingênua?

a) atrasada/adiantou/insuportável/ dissimulado/compreensível.
b) adiantada/ surgiu depois/admirável/ fantástico/inteiro/atrevido.
c) prematura/surgiu antes/admirável/inteiro/dissimulado (x)
d) nenhuma das alternativas

5. Retire do texto duas locuções adverbiais, depois dê as circunstâncias que elas indicam.
________________________________________________________________________

6. Preencha o quadro com as informações pedidas sobre os verbos retirados do texto:

Verbo Infinitivo Conjugação Pessoa Número Tempo Modo
Quero
Estava
Chamam

7. Marque a alternativa em que todas as palavras estejam grafadas de acordo com as novas regras ortográficas.

a) guarda-chuva/ para-quedas/ manda-chuva/ couve-flor
b) guarda-chuva/ paraquedas/ mandachuva/ couve-flo (x)
c) anti-inflamatório/ microônibus/ mal-criado/ autorretrato.
d) anti-inflamatório/ micro-ônibus/ mal-criado / auto-retrato
e)Maria-mole/ arco-íris/ microônibus/ autorretrato]

8. Leia a frase a seguir, depois reescreva passando para o futuro do subjuntivo:
“ ... populações inteiras abandonaram suas aldeias e cidadezinhas...”
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Texto: O baile

O baile

Levei um monte de tempo me vestindo. Não tinha roupa que servisse. Não gosto de festas, bailes menos ainda. A Morecy faz 13 anos. Eu não se que roupa a gente tem que pôr quando a melhor amiga da gente faz 13 anos. Pra falar a verdade, preferia te pego uma gripe e curtido febre na cama. Não pus o vestido verde porque fico com cara de defunto. O amarelo ficou dançando, acho que emagreci. Como sempre, acabei indo com o xadrezinho, que é meio manjado, mas me sinto bem.

Não consegui entrar em acordo com a minha cara no espelho. Não gosto do meu cabelo liso e muito fino. Nem da minha cara sem pó de arroz. Mas também de pó de arroz não fico bem.

Acho que levei umas duas horas me aprontando. Cheguei tarde, todo mundo já estava lá. Tinha luz negra, um montão de gente dançando e eu encabulei vendo o Luiz do outro lado do salão, conversando com os amigos.

Fiquei de pé também, falando com Maria Luíza, aquela bem alta que todo mundo tia sempre pra dançar porque é linda, parece Dominique Sanda. Pegamos uns copos com guaraná e ficamos bebendo, enquanto ela me contava a briga que tinha tido com a D. Rita. Depois nós fomos dançar sozinhas mesmo. E na quarta música o Luiz veio falar comigo.

Foi daí que a gente saiu pro terraço e ele perguntou se eu gostava mesmo dele. Disse que sim. E é verdade, eu gosto um pouco dele. Então ele disse que se eu gostava mesmo era pra eu dar um beijo nele. Eu dei, no rosto. Ele disse que ali não valia, tinha que ser na boca. Ele falava e sorria, mas eu percebi que ele estava um pouco sem jeito, porque toda hora olhava pros lados, pra ver se não vinha ninguém.

Daí ele pegou na minha mão e depois me abraçou e ficou falando que gostava muito de mim, que eu tinha um cabelo bem macio, e eu pensei que poderia ser macio, mas era fino e liso demais. Daí ele disse que não gostava de menina que usava pintura, que ficava com cara de palhaço e que eu era bem natural. Foi bem essa palavra que ele usou: natural. Achei engraçado falar assim, mas também achei legal ele falar desse jeito. Aí ele foi chegando, me beijando o cabelo, a testa, descendo pelo nariz e eu deixando porque vinha subindo em mim um calor gostoso, uma espécie de moleza que eu nunca tinha sentido antes...

(Mirna Pinsky. Iniciação. Belo Horizonte, Comunicação, 1980)

I – Compreensão e Interpretação do Texto

1. Quem é a principal personagem do texto? Dê duas características dela.

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2. Como essa personagem se sente em relação à festa?

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3. Por que a narradora demora “umas duas horas” para se arrumar para a festa?

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4. Marque a alternativa correta em relação ao(s) sentimento(s) que a narradora precisou vencer para ir ao baile.

I – Medo II – Angústia III – Pânico IV – Insegurança V – Euforia

a) Apenas a I está correta.

b) Apenas a II e III estão corretas.

c) Apenas A I e IV estão corretas.

d) Apenas a II e V estão corretas.

e) Todas as alternativas estão corretas.

5. Muitas vezes o texto nos dá pista do tempo e do espaço da narração. Em sua opinião em que época este tipo de “paquera” ocorreu? Justifique sua resposta com elementos do texto.

____________________________________________________________________________________________________________________________________________

II – Análise Linguística:

  1. Assinale a alternativa que contenham sublinhados, apenas, os determinantes do substantivo em negrito:

a) “Não consegui entrar em acordo com a minha cara no espelho.”

b) “Daí ele pegou na minha mão...”

c) “Não gosto do meu cabelo liso e muito fino”. (x)

d) Nenhuma alternativa anterior.

  1. Leia as frases abaixo, depois classifique os pronomes grifados:

a) “ Achei engraçado falar assim, mas também achei legal ele fala desse jeito.”

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  1. Volte à questão anterior e responda:

a) Os pronomes destacados são do tipo que acompanham ou substituem os substantivos?

ELE ____________________________ DESSE ______________________

b) Quais são os substantivos que eles estão acompanhando ou substituindo? Se necessário volte ao texto “ O baile”.

ELE _____________________________ DESSE ______________________

  1. Marque a alternativa que contenha erro em relação à formação do plural dos substantivos compostos e, em seguida, faça as devidas correções:

a) Guarda-roupas, couves-flores, almas-gêmeas.

b) Guardas-roupa, couve-flores, alma-gêmeas.(x)

c) Guarda-chuvas, águas-de-colônia, palavras-chave.

d) Amores-perfeitos, guarda-roupas, almas-gêmeas.

Correção: ___________________________________________________________

  1. Leia:

Chico Bento: Ó pai!num conta mais história pre’eu drumi!

Pai : Pru que, fiu?

Chico Bento: Eu sempre acabo drumindo na metade! Fico sem sabe dos fim.

No final do diálogo, Chico Bento utilizou um substantivo, mas não fez a flexão de acordo com a norma culta, qual foi ele? Reescreva-o fazendo a alteração necessária.

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sábado, 13 de fevereiro de 2010

texto: o índio

Colégio Estadual Gov. Luiz Viana Filho

O índio

- Meu Deus,é ele!
Quem já conversou com um índio, assim um papo aberto, sobre futebol, religião, amor... ? A primeira ideia que nos vem é a da impossibilidade desse diálogo,risos, preconceito, talvez. O que dizer então da visão dos estrangeiros ,que pensam que andamos nus, atiramos em capivaras com flechas envenenadas e dançamos literalmente a dança da chuva pintados com urucu na praça da Sé ou na avenida Paulista?
Pois na minha escola no ano de 1995 ocorreu a matrícula de um índio. Um genuíno adolescente pataxó.
A funcionária da secretaria não conseguiu esconder o espanto quando na manhã de segunda-feira abriu preguiçosamente a portinhola e deparou-se com um pataxó sem camisa com o umbigo preto para fora, dois penachos brancos na cabeça e a senha número "um" na mão, que sem delongas disse:
– Vim matricular meu filho.
E foi o que ocorreu, preenchidos os papéis, apresentados os documentos, fotografias, certidões, transferências, alvarás, licenças etc. A notícia subiu e desceu rapidamente os corredores do colégio, atravessou as ruas do bairro, transpôs a sala dos professores e chegou à sala da diretora, que levantou e, em brado forte e retumbante, proclamou:
– Mas é um índio mesmo?
Era um índio mesmo. O desespero tomou a alma da pobre mulher; andava de um lado para o outro, olhava a ficha do novo aluno silvícola, ia até os professores, chamava dois ou três, contava-lhes, voltava à sala, ligava para outros diretores pedindo auxílio, até que teve uma idéia: pesquisaria na biblioteca. Chegando lá, revirou Leis, Decretos, Portarias, Tratados, o Atlas, Mapas históricos e nada. Curiosa com a situação, a funcionária questionou: – qual o problema para tanto barulho?
– Precisamos ver se podemos matricular um índio; ele tem proteção federal, não sabemos que língua fala, seus costumes, se pode viver fora da reserva; enfim, precisamos de amparo legal. E se ele resolver vir nu estudar, será que podemos impedir?
Passam os dias e enfim chega o primeiro dia de aula, a vinda do índio já era notícia corrente, foi amplamente divulgada pelo jornal do bairro, pelas comadres nos portões, pelo japonês tomateiro da feira, pelos aposentados da praça, não se falava noutra coisa. Uma multidão aguardava em frente da escola a chegada do índio, pelas frestas da janela, que dava para o portão principal, em cima das cadeiras e da mesa, disputavam uma melhor visão os professores – sem nenhuma falta –, a diretora, a supervisora de ensino e o delegado.
O porteiro abriu o portão – sem que ninguém entrasse – e fitou ao longe o final da avenida; surgiu entre a poeira e o derreter do asfalto um fusca, pneus baixos, rebaixado, parou em frente da escola, o rádio foi desligado, tal o silêncio da multidão que se ouviu o rangido da porta abrir, desceu um menino roliço, chicletes, boné do Chicago Bulls, tênis Reebok, calça jeans, camiseta, walkman nas orelhas, andou até o porteiro e perguntou:
– Pode assistir aula de walkman?
Edson Rodrigues dos Passos. In: Nós e os outros: histórias de diferentes culturas.São Paulo. Ática, 2001.


1. Na escola, tudo corria tranquilamente. O que vem mudar esta situação?

2. Por que a diretora consultou os documentos citados no texto?

3. Em quais documentos a diretora poderia encontrar amparo legal para matricular o índio?

4. Por que a comunidade tinha expectativa pela chegada do índio?

5. O menino pataxó correspondeu à expectativa que a comunidade tinha a respeito dele?

6. O menino chega mascando chicletes, usando boné do Chicago Bulls, tênis Reebpk, calça jeans, walkman nas orelhas. A que cultura associamos os elementos citados?

7. Das frases abaixo, qual é a que mais se aproxima da questão cultural indígena tratada no texto?
a) É bom que todos tenham a oportunidade de partilhar os avanços tecnológicos.
b) É uma pena que os povos percam sua identidade.
c) Eu uso esses produtos, mas o índo usando é estranho.

8. A expressão brado retumbante aparece em um importante texto brasileiro. Você sabe qual?

9. Como o conflito se resolve no final?

10. Você acha normal a reação das pessoas ao ver um índio? Você também teria esta reação? Justifique sua resposta.

Cordel

Colégio Estadual Gov. Luiz Viana Filho

Cordel – é a arte do sertanejo. Pertence à tradição oral e pode ser recitado ou cantado. Chama-se assim porque os livretos e versos produzidos pelos cordelistas ficam pendurados em cordéis nas feiras livres.

Manoel dos Reis Machado
É nossa árvore do bem
Nosso grande mestre Bimba
Nome que até hoje vem
Famoso na capoeira
Por não perder pra ninguém.

Engenho velho de Brotas
Local do seu nascimento
Salvador sua cidade
Onde alegria e tormento
Lhe deram vivacidade
Força , coragem e talento.
(...)
Nasceu com ele esse nome
Bimba nasceu pra vencer
Cresceu lutou ganhou fama
Os pais gostavam de ver
O futuro batuqueiro
Lá na rede a se mexer.
(...)
Bimba tinha o tipo físico
De uma rocha escarpada
Muito alto,andar dançante
Seguro em cada passada
Olhos grandes,ombros largos
E sempre dando risada.
Apertava sempre os olhos
Estudando o inimigo
Gostou muito de charuto
Se zangasse era um perigo
Ninguém levava a melhor
Desafiando consigo.
(...)
Nunca levou desaforo
Mas era camaradeiro
Preservador de amizade
Desconfiado e ligeiro
Não dobrava em uma esquina
Nem para ganhar dinheiro.
(...)
Ganhou a vida,com tudo
Fez carvão,cortou madeira
Foi trapicheiro e carpina
Estivador de primeira
Mas o que fez com mais classe
Só foi jogar capoeira.
(...)
Bimba enfrentou com seus golpes
Duas guerras mundiais
Resto da escravidão
Repressões policiais
Mas botou a capoeira
Nos mais altos pedestais.
Praticou bem a angola
Aprendeu com quem sabia
Depois criou outra luta
Com mais garra e valentia
Pôs o nome regional
Representando a Bahia.
(...)
No ano de 74
A 5 de fevereiro
Bimba fechou seu arquivo
Deu adeus ao mundo inteiro
Entrou de férias na terra
Foi ver Deus, Pai verdadeiro.
Os berimbaus soluçaram
Alunos botaram luto
O dia e relembrado
Como uma data de culto
Hoje os livros e os filmes
Representam o seu produto.
(...)
Luiz Gonzaga foi rei
Cantando Mulher Rendeira
Pelé foi o rei da bola
Com meião e com chuteira
E Mestre Bimba sem dúvida
Foi o rei da capoeira.
Bule-Bule (Antonio Ribeiro da Conceição). Coleção Cordel é coisa da gente. Umburana – BA, 1992.



Escarpada – difícil de subir
Trapicheiro – trabalhador de trapiche – armazém-geral ou pequeno engenho de açúcar.

1. Que parte da história do mestre Bimba você achou mais interessante?
2. Mestre Bimba tornou-se capoeirista famoso e hoje é respeitado em todo o mundo. Que versos indicam as ações que o tornaram conhecido e famoso?
3. Alguns versos revelam a importância de mestre Bimba para a nossa cultura. Comente a importância cultural do mestre Bimba, utilizando elementos do texto.
4. Releia a última estrofe e responda:
a) No texto é estabelecida uma relação entre mestre Bimba, Luís Gonzaga e Pelé. Que semelhança há entre eles?
b) Qual dos três você menos conhece? Que explicação você daria para isso?

5. Em uma das estrofes acima trata da morte de mestre Bimba. Que expressões são empregadas pelo narrador para se referir a este momento?
6. Com base nos versos abaixo, escreva sobre o modo de ser do mestre Bimba.
• “E sempre dando risada.”
• “Apertava sempre os olhos/ Estudando o inimigo...”
• “Não dobrava em uma esquina/Nem para ganhar dinheiro.”


7. Pesquise mais:
a) Capoeira
b) Cordel
c) Mestre Bimba
d) Palavras que você não conheça o significado dentro do texto.

Texto: Os meninos morenos

Colégio Estadual Gov. Luiz Viana Filho

Os meninos morenos

Eu era um menino cor da terra. Não vou,porém, saber nunca de onde vieram os verdadeiros avós dos avós dos meus avós. Nisso, nós, os meninos brasileiros, somos diferentes dos meninos morenos da Guatemala, do México, da América Central ou de todo o planalto andino. Quando o homem branco chegou na minha terra, encontrou meninos com a carinha igual à todos os meninos que viviam nas florestas úmidas da América ou nas altas montanhas dos Andes. Depois, eles trouxeram os negros da África, que não queriam vir. E vieram também os árabes e outras gentes da Ásia. E todos se misturaram, sem registro e sem cartório.

E aqui ficamos todos da cor da nossa terra e viramos, todos, os brasileiros.

(...)

Quando eu estava

“Quando eu estava te esperando

sentia muita vontade

de comer terra;

Arrancava pedacinhos

De adobe das paredes

e comia.”

Esta confissão de minha mãe

Despedaçou meu coração.

Mamei leite de barro,

Por isso minha pele

É cor de barro.

Ziraldo, Os meninos morenos – com versos de Humberto Akabal.São Paulo: Melhoramentos, 2004.

1. Em que os meninos brasileiros são diferentes dos demais meninos da América Latina?

2. Quem era os avós dos avós dos avós dos meninos dos demais países da América Latina? Se necessário consulte um livro de história.

3. Por que o autor, mesmo sendo adulto, se inclui entre os meninos brasileiros?

4. Poema de Humberto Akabal acompanha o texto de Ziraldo. Há no poema duas vozes:

a) De quem são essas vozes?

b) Levantar hipóteses: Por que a confissão da mãe teria despedaçado o eu- lírico do poema?

5. A que etnia pertence o narrador do texto os meninos morenos?