Este espaço foi criado para trocar ideias e atividades da área de Lingua e Literatura, compartilhando com os colegas experiências vividas ao longo da minha profissão.

Língua

Gosto de sentir a minha lígua roçar
A língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar
A criar confusões de prosódias
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesias está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade (...)
(Caetano Veloso)
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domingo, 31 de outubro de 2010

Divulgando

Olá pessoal, quero aqui indicar o blog da Teacher Celeste : http://alwaysnextyou.blogspot.com/

Para uma degustação vou postar um pedacinho de uma das postagens que eu achei interessante no blog da colega.

Curiosities

Here's some curiosities about the English language!
1 - Did you know that 50% of businesses and 2 / 3 of all scientific papers in the world are written in English?
2 - Did you know that Modern English (Modern Portuguese) CEMEC to occur only from the sixteenth century. There was the transition from Middle to Modern Portuguese. This was derived due to the influence of the Renaissance period and so many words have become part of the English language.
Only Shakespeare has created more than 1600 plavras!
How interesting!


Assim, vou lá treinar um pouco o meu inglês, podem apostar que é um excelente exercício. Beijos fraternos e obrigada!

sábado, 13 de fevereiro de 2010

texto: o índio

Colégio Estadual Gov. Luiz Viana Filho

O índio

- Meu Deus,é ele!
Quem já conversou com um índio, assim um papo aberto, sobre futebol, religião, amor... ? A primeira ideia que nos vem é a da impossibilidade desse diálogo,risos, preconceito, talvez. O que dizer então da visão dos estrangeiros ,que pensam que andamos nus, atiramos em capivaras com flechas envenenadas e dançamos literalmente a dança da chuva pintados com urucu na praça da Sé ou na avenida Paulista?
Pois na minha escola no ano de 1995 ocorreu a matrícula de um índio. Um genuíno adolescente pataxó.
A funcionária da secretaria não conseguiu esconder o espanto quando na manhã de segunda-feira abriu preguiçosamente a portinhola e deparou-se com um pataxó sem camisa com o umbigo preto para fora, dois penachos brancos na cabeça e a senha número "um" na mão, que sem delongas disse:
– Vim matricular meu filho.
E foi o que ocorreu, preenchidos os papéis, apresentados os documentos, fotografias, certidões, transferências, alvarás, licenças etc. A notícia subiu e desceu rapidamente os corredores do colégio, atravessou as ruas do bairro, transpôs a sala dos professores e chegou à sala da diretora, que levantou e, em brado forte e retumbante, proclamou:
– Mas é um índio mesmo?
Era um índio mesmo. O desespero tomou a alma da pobre mulher; andava de um lado para o outro, olhava a ficha do novo aluno silvícola, ia até os professores, chamava dois ou três, contava-lhes, voltava à sala, ligava para outros diretores pedindo auxílio, até que teve uma idéia: pesquisaria na biblioteca. Chegando lá, revirou Leis, Decretos, Portarias, Tratados, o Atlas, Mapas históricos e nada. Curiosa com a situação, a funcionária questionou: – qual o problema para tanto barulho?
– Precisamos ver se podemos matricular um índio; ele tem proteção federal, não sabemos que língua fala, seus costumes, se pode viver fora da reserva; enfim, precisamos de amparo legal. E se ele resolver vir nu estudar, será que podemos impedir?
Passam os dias e enfim chega o primeiro dia de aula, a vinda do índio já era notícia corrente, foi amplamente divulgada pelo jornal do bairro, pelas comadres nos portões, pelo japonês tomateiro da feira, pelos aposentados da praça, não se falava noutra coisa. Uma multidão aguardava em frente da escola a chegada do índio, pelas frestas da janela, que dava para o portão principal, em cima das cadeiras e da mesa, disputavam uma melhor visão os professores – sem nenhuma falta –, a diretora, a supervisora de ensino e o delegado.
O porteiro abriu o portão – sem que ninguém entrasse – e fitou ao longe o final da avenida; surgiu entre a poeira e o derreter do asfalto um fusca, pneus baixos, rebaixado, parou em frente da escola, o rádio foi desligado, tal o silêncio da multidão que se ouviu o rangido da porta abrir, desceu um menino roliço, chicletes, boné do Chicago Bulls, tênis Reebok, calça jeans, camiseta, walkman nas orelhas, andou até o porteiro e perguntou:
– Pode assistir aula de walkman?
Edson Rodrigues dos Passos. In: Nós e os outros: histórias de diferentes culturas.São Paulo. Ática, 2001.


1. Na escola, tudo corria tranquilamente. O que vem mudar esta situação?

2. Por que a diretora consultou os documentos citados no texto?

3. Em quais documentos a diretora poderia encontrar amparo legal para matricular o índio?

4. Por que a comunidade tinha expectativa pela chegada do índio?

5. O menino pataxó correspondeu à expectativa que a comunidade tinha a respeito dele?

6. O menino chega mascando chicletes, usando boné do Chicago Bulls, tênis Reebpk, calça jeans, walkman nas orelhas. A que cultura associamos os elementos citados?

7. Das frases abaixo, qual é a que mais se aproxima da questão cultural indígena tratada no texto?
a) É bom que todos tenham a oportunidade de partilhar os avanços tecnológicos.
b) É uma pena que os povos percam sua identidade.
c) Eu uso esses produtos, mas o índo usando é estranho.

8. A expressão brado retumbante aparece em um importante texto brasileiro. Você sabe qual?

9. Como o conflito se resolve no final?

10. Você acha normal a reação das pessoas ao ver um índio? Você também teria esta reação? Justifique sua resposta.

Cordel

Colégio Estadual Gov. Luiz Viana Filho

Cordel – é a arte do sertanejo. Pertence à tradição oral e pode ser recitado ou cantado. Chama-se assim porque os livretos e versos produzidos pelos cordelistas ficam pendurados em cordéis nas feiras livres.

Manoel dos Reis Machado
É nossa árvore do bem
Nosso grande mestre Bimba
Nome que até hoje vem
Famoso na capoeira
Por não perder pra ninguém.

Engenho velho de Brotas
Local do seu nascimento
Salvador sua cidade
Onde alegria e tormento
Lhe deram vivacidade
Força , coragem e talento.
(...)
Nasceu com ele esse nome
Bimba nasceu pra vencer
Cresceu lutou ganhou fama
Os pais gostavam de ver
O futuro batuqueiro
Lá na rede a se mexer.
(...)
Bimba tinha o tipo físico
De uma rocha escarpada
Muito alto,andar dançante
Seguro em cada passada
Olhos grandes,ombros largos
E sempre dando risada.
Apertava sempre os olhos
Estudando o inimigo
Gostou muito de charuto
Se zangasse era um perigo
Ninguém levava a melhor
Desafiando consigo.
(...)
Nunca levou desaforo
Mas era camaradeiro
Preservador de amizade
Desconfiado e ligeiro
Não dobrava em uma esquina
Nem para ganhar dinheiro.
(...)
Ganhou a vida,com tudo
Fez carvão,cortou madeira
Foi trapicheiro e carpina
Estivador de primeira
Mas o que fez com mais classe
Só foi jogar capoeira.
(...)
Bimba enfrentou com seus golpes
Duas guerras mundiais
Resto da escravidão
Repressões policiais
Mas botou a capoeira
Nos mais altos pedestais.
Praticou bem a angola
Aprendeu com quem sabia
Depois criou outra luta
Com mais garra e valentia
Pôs o nome regional
Representando a Bahia.
(...)
No ano de 74
A 5 de fevereiro
Bimba fechou seu arquivo
Deu adeus ao mundo inteiro
Entrou de férias na terra
Foi ver Deus, Pai verdadeiro.
Os berimbaus soluçaram
Alunos botaram luto
O dia e relembrado
Como uma data de culto
Hoje os livros e os filmes
Representam o seu produto.
(...)
Luiz Gonzaga foi rei
Cantando Mulher Rendeira
Pelé foi o rei da bola
Com meião e com chuteira
E Mestre Bimba sem dúvida
Foi o rei da capoeira.
Bule-Bule (Antonio Ribeiro da Conceição). Coleção Cordel é coisa da gente. Umburana – BA, 1992.



Escarpada – difícil de subir
Trapicheiro – trabalhador de trapiche – armazém-geral ou pequeno engenho de açúcar.

1. Que parte da história do mestre Bimba você achou mais interessante?
2. Mestre Bimba tornou-se capoeirista famoso e hoje é respeitado em todo o mundo. Que versos indicam as ações que o tornaram conhecido e famoso?
3. Alguns versos revelam a importância de mestre Bimba para a nossa cultura. Comente a importância cultural do mestre Bimba, utilizando elementos do texto.
4. Releia a última estrofe e responda:
a) No texto é estabelecida uma relação entre mestre Bimba, Luís Gonzaga e Pelé. Que semelhança há entre eles?
b) Qual dos três você menos conhece? Que explicação você daria para isso?

5. Em uma das estrofes acima trata da morte de mestre Bimba. Que expressões são empregadas pelo narrador para se referir a este momento?
6. Com base nos versos abaixo, escreva sobre o modo de ser do mestre Bimba.
• “E sempre dando risada.”
• “Apertava sempre os olhos/ Estudando o inimigo...”
• “Não dobrava em uma esquina/Nem para ganhar dinheiro.”


7. Pesquise mais:
a) Capoeira
b) Cordel
c) Mestre Bimba
d) Palavras que você não conheça o significado dentro do texto.

Texto: Os meninos morenos

Colégio Estadual Gov. Luiz Viana Filho

Os meninos morenos

Eu era um menino cor da terra. Não vou,porém, saber nunca de onde vieram os verdadeiros avós dos avós dos meus avós. Nisso, nós, os meninos brasileiros, somos diferentes dos meninos morenos da Guatemala, do México, da América Central ou de todo o planalto andino. Quando o homem branco chegou na minha terra, encontrou meninos com a carinha igual à todos os meninos que viviam nas florestas úmidas da América ou nas altas montanhas dos Andes. Depois, eles trouxeram os negros da África, que não queriam vir. E vieram também os árabes e outras gentes da Ásia. E todos se misturaram, sem registro e sem cartório.

E aqui ficamos todos da cor da nossa terra e viramos, todos, os brasileiros.

(...)

Quando eu estava

“Quando eu estava te esperando

sentia muita vontade

de comer terra;

Arrancava pedacinhos

De adobe das paredes

e comia.”

Esta confissão de minha mãe

Despedaçou meu coração.

Mamei leite de barro,

Por isso minha pele

É cor de barro.

Ziraldo, Os meninos morenos – com versos de Humberto Akabal.São Paulo: Melhoramentos, 2004.

1. Em que os meninos brasileiros são diferentes dos demais meninos da América Latina?

2. Quem era os avós dos avós dos avós dos meninos dos demais países da América Latina? Se necessário consulte um livro de história.

3. Por que o autor, mesmo sendo adulto, se inclui entre os meninos brasileiros?

4. Poema de Humberto Akabal acompanha o texto de Ziraldo. Há no poema duas vozes:

a) De quem são essas vozes?

b) Levantar hipóteses: Por que a confissão da mãe teria despedaçado o eu- lírico do poema?

5. A que etnia pertence o narrador do texto os meninos morenos?