Este espaço foi criado para trocar ideias e atividades da área de Lingua e Literatura, compartilhando com os colegas experiências vividas ao longo da minha profissão.

Língua

Gosto de sentir a minha lígua roçar
A língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar
A criar confusões de prosódias
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesias está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade (...)
(Caetano Veloso)

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Simbolismo português (1890-1915 )


Simbolismo português

(1890-1915 )

O Simbolismo é originário da França e se iniciou com a publicação de As Flores do Mal, de Baudelaire, em 1857. Nome inicial: Decadentismo.

Bases Filosóficas

Kiekegaard – o homem passa por três estágios em sua existência – estético (presença do novo), ético (gravidade e responsabilidade da vida) e religioso (relação com Deus). Bergson – não é a inteligência que chega a compreender a vida. É a intuição.

Em Portugal, o Simbolismo tem início em 1890, com o livro de poemas de Eugênio de Castro, Oaristos, e com revistas acadêmicas, Os Insubmissos e Boêmia Nova, cujos colaboradores eram Eugênio de Castro e Antônio Nobre.

Características

Os autores voltam-se à realidade subjetiva, às manifestações metafísicas e espirituais, abandonadas desde o Romantismo. Buscavam a essência do ser humano, a alma; a oposição entre matéria e espírito, a purificação do espírito, a valorização do inconsciente e do subconsciente.

Musicalidade: música, a mais importante de todas as artes. “A música antes de tudo.” Aliterações, assonâncias, onomatopéias, sinestesias

Linguagem vaga, imprecisa, sugestiva: não mostrava as coisas, apenas as sugeria.

Negação do materialismo: reação ao materialismo e ao cientificismo realistas. Retorno à mentalidade mística: comunhão com o cosmo, astros. Esoterismo.

Maiúsculas alegorizantes: personificação.

Mergulho no eu profundo: nefelibatas – habitantes das nuvens.

Características da linguagem simbolista

1. As características da linguagem simbolista podem ser assim esquematizadas:

2. Linguagem vaga, fluida, que prefere sugerir a nomear.

3. Utilização de substantivos abstratos, efêmeros, vagos e imprecisos;

4. Presença abundante de metáforas, comparações, aliterações, assonâncias, paronomásias, sinestesias;

5. Subjetivismo e teorias que voltam-se ao mundo interior;

6. Antimaterialismo, anti-racionalismo em oposição ao positivismo;

7. Misticismo, religiosidade, valorização do espiritual para se chegar à paz interior;

8. Pessimismo, dor de existir;

9. Desejo de transcendência, de integração cósmica, deixando a matéria e libertando o espírito;

10. Interesse pelo noturno, pelo mistério e pela morte, assim como momentos de transição como o amanhecer e o crepúsculo; Interesse pela exploração das zonas desconhecidas da mente humana (o inconsciente e o subconsciente) e pela loucura.

Observação: Na concepção simbolista o louco era um ser completamente livre por não obedecer às regras. Teoricamente o poeta simbolista é o ser feliz.

Resumo das características do Simbolismo

Conteúdo relacionado com o espiritual, o místico e o subconsciente: idéia metafísica, crença em forças superiores e desconhecidas, predestinação, sorte, introspecção.

Essa maior ênfase pelo particular e individual do que pelo geral e Universal: valorização máxima do eu interior, individualismo.

Tentativa de afastamento da realidade e da sociedade contemporânea: valorização máxima do cosmos, do misticismo, negação à Terra.

Os textos comumente retratam seres efêmeros (fumaça, gases, neve...). Imagens grandiosas (oceanos, cosmos...) para expressar a idéia de liberdade.

Conhecimento intuitivo e não-lógico. Ênfase na imaginação e na fantasia. Desprezo à natureza: as concepções voltam-se ao místico e sobrenatural.

Pouco interesse pelo enredo e ação narrativa: pouquíssimos textos em prosa. Preferência por momentos incomuns: amanhecer ou entardecer, faixas de transição entre dia e noite.

Linguagem ornada, colorida, exótica, bem rebuscada e cheia de detalhes: as palavras são escolhidas pela sua sonoridade, num ritmo colorido, buscando a sugestão e não a narração.

Autores e obras

Eugênio de Castro e Almeida (1869-1944): a sua obra pode ser dividida em duas fases: simbolista e neoclássica. A simboliza corresponde aos poemas escritos já no século XX.

Novas rimas, novas métricas, aliterações, versos alexandrinos, vocabulário mais rico, ele expõe no prefácio – manifesto de Oaristos. Na fase neoclássica apresenta temas voltados à antigüidade clássica e ao passado português (profundamente saudosista).

Antônio Nobre (1867-1900):

  • Ingressou na carreira diplomática, morrendo de tuberculose aos 33 anos. Estudou em Paris.
  • Obras: Só (Paris, 1892), Despedidas (1902), Primeiros versos (1921), Correspondência.
  • É simbolista, mas não tem seus cacoetes. Considerado como nacionalista e romântico retardatário.
  • Antônio Pereira Nobre exaltou a vida provinciana do norte de Portugal, por influência de Garrett e de Júlio Dinis.
  • A sua poesia manifesta rica musicalidade rítmica e linguagem com um falar cotidiano e coloquial, além do pessimismo.

Camilo Pessanha (1867-1926): é considerado o mais simbolista dos poetas da época.

Autor de apenas um livro: Clepsidra, influenciou a geração de Orpheu, que iniciou o Modernismo em Portugal.. Passou grande parte da vida em Macau (China), tornando-se tradutor da poesia chinesa para o português.

Autor considerado de difícil leitura, pois trabalha bem a linguagem. No seu livro predomina o estranhamento entre o eu e o corpo; o eu e a existência e o mundo.

Em sua obra, Clepsidra, Camilo Pessanha distancia-se de uma situação concreta e pessoal, e sua poesia é pura abstração.

Teixeira de Pascoaes (1877-1952): é o pseudônimo de Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos. Deixoubras de cunho filosófico e biografias. De seus livros de poesias citam-se Maranos, Regresso ao Paraíso, Sempre, Terra Proibida, Elegias. o

Florbela Espanca (1894-1930): embora não pertença propriamente ao período áureo do Simbolismo, possui idéias simbolistas. É considerada uma das mais perfeitas sonetistas da língua portuguesa. Suas obras: Juvenília, Livro de Mágoas, Livro de Sóror Saudade, Relíquias e Chameca em Flor.

Raul Brandão (1867-1930): literatura forte e dramática. A sua melhor produção está na prosa de ficção: A Morte do Palhaço e o Mistério da Árvore, A Farsa, Os Pobres, Húmus, O Pobre de Pedir.

Cronologia do Simbolismo em Portugal

Período: século XIX e XX

Início: 1890 - Publicação de Oaristos, de Eugênio de Castro.

Fim: 1915 - Surgimento da Revista Orpheu, inaugurando o Modernismo.

Fato histórico importante: em 1910 o movimento republicano, apoiado pela Inglaterra, é vitorioso.

Textos

http://www.secrel.com.br/jpoesia/clep.html

Textos de Camilo Pessanha